A Freira 2 busca se estabelecer como uma evolução em relação ao filme anterior e, em certa medida, consegue. A ambientação gótica é eficaz, a fotografia aproveita bem a escuridão dos cenários e Taissa Farmiga retorna com mais confiança como Irmã Irene, acompanhada de Storm Reid (Sister Debra) e Jonas Bloquet (Maurice), que trazem mais dinamismo à trama. O desenvolvimento dos personagens e a atenção visual são mais aprofundados, tornando a experiência mais cativante do que no filme original.
Um dos aspectos positivos é o uso de símbolos e relíquias religiosas que estruturam a trama, criando boas cenas de impacto e momentos que realmente funcionam como terror sobrenatural. Em algumas partes, o clima de mistério é intensificado, e o filme consegue equilibrar drama e tensão em determinados momentos. Embora não apresente grandes inovações para o gênero, esse aspecto o torna mais consistente do que seu predecessor.
No entanto, um dos principais problemas de A Freira 2 é a sua insistência em tentar assustar o público a cada poucos minutos. O ritmo se torna monótono e a intensidade de diversas cenas é comprometida devido à quantidade excessiva de jumpscares previsíveis. O filme opta por sustos fáceis em vez de desenvolver suspense de forma gradual, o que pode tornar a experiência cansativa e até monótona. Além do mais, a presença excessiva da criatura demoníaca diminui o mistério e enfraquece a atmosfera de terror psicológico. Portanto, embora A Freira 2 seja melhor do que o primeiro filme, ele ainda recorre a clichês e perde a oportunidade de apresentar um terror verdadeiramente memorável.
O desenvolvimento dos personagens é o que mais distingue A Freira 2. A irmã Irene ganha mais profundidade ao descobrir sua conexão com Santa Luzia, o que fortalece sua fé e dá peso à sua batalha contra Valak. Por sua vez, Maurice, ainda afetado pela possessão do filme anterior, assume um papel central e carrega o peso da culpa, embora essa temática seja abordada de maneira um tanto superficial. Esses elementos contribuem para tornar a trama mais consistente.
A utilização da relíquia dos olhos de Santa Luzia também é eficaz, estabelecendo uma motivação evidente para o clímax do conflito. O clímax, no qual o vinho se converte no sangue de Cristo para enfraquecer Valak, representa um dos momentos mais impactantes do filme, tanto do ponto de vista visual quanto simbólico. Essa decisão intensifica o conflito entre fé e mal, proporcionando uma conclusão poderosa e consistente com o mundo em que a trama ocorre.
Em contrapartida, a superexposição de Valak diminui o mistério que poderia causar mais medo, e os efeitos visuais nem sempre são convincentes. Ademais, a trama segue fórmulas previsíveis, com sustos simples e soluções religiosas recorrentes. O ritmo irregular também afeta a tensão, principalmente na primeira metade. Ainda assim, o confronto final traz emoção e garante que o filme satisfaça aqueles que procuram os elementos tradicionais do terror sobrenatural, mesmo sem apresentar grandes novidades.